segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Doce desejo

 

Ontem sorriste-me como nunca e, naquela noite escura e chuvosa, aproveitei o vento e deixei-o levar-me até ti. Abracei-te no olhar e rodopiámos no ar como crianças atrevidas, num movimento contínuo de vida; atrevidamente felizes por entre as gotas de chuva, bebi-te os lábios nas palavras que os teu olhos me lançavam.

Devido ao vento, ou à tua presença fremente, acordei a meio da noite, assim de repente, imediatamente após te ter poisado no chão, num último rodopio sonhado.

Sentado na cama, sozinho e tonto de tanta dança, senti nos lábios um sabor há muito guardado, um calor da cor do desejo e com a forma de um beijo, beijado com paixão.

Ontem o vento comprimia a vidraça da janela do quarto e a chuva tudo lavava excepto a forma desejada do teu corpo encostado no meu.