terça-feira, 7 de outubro de 2025

Déjà vu



Era certamente a hora ideal para um desentendimento, mas não aconteceu. Não ocorreu nenhum eclipse, nem um furacão; na verdade nenhuma catástrofe natural aconteceu.

Eles cruzaram-se, olharam-se, decerto que se cheiraram porque, independentemente de tudo, o instinto primitivo ainda prevalece sobre a razão e o cheiro é um dos maiores estímulos da atracção, mas não se falaram.

Os olhares, magoados de ambos acertaram no outro como se fossem punhos cerrados viajando pelo ar em fúria, mas nada disseram.

E passaram um pelo outro, como se nada existisse, como se nada fosse, como se agora tivesse sido antes.

E assim também se descreve o desejo!




3 comentários:

  1. Que bom ler-te… e saber-Te…🐦‍⬛

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  2. Quase uma catástrofe… emocional. Delicioso esse caos contido.
    Tu sabes, sempre gostei de ler-te, uma pena que o faças, agora, tão pouco, ou publiques pouco. :)

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  3. Despedem-se sem beijos, sem promessas.
    Partem em direções opostas, como sempre.
    E ainda assim, cada um leva o outro dentro — um amor suspenso, um mito privado, um quase eterno.

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