sábado, 18 de outubro de 2025

O Grito

 

Desata-se o nó da intolerância

Acentua-se a irritabilidade ferida

Não há paciência sadia

Apenas o desejo maior

De que morra a hipocrisia

Quero uma insanidade por medida

E que venha um terramoto

Que destrua as emoções

Que o desejo esmoreça

Que o amor adoeça

E a tentação adormeça

E que tudo apodreça

Quero berrar que não, não quero

Não me apetece, não se me cola

Exijo um silêncio obrigatório

E uma solidão permitida

Decretada, respeitada e sentida

Que haja multidões, mas mudas

E nem que a morte tudo arrase

Em torno do que de mim resta

Quero uma paz que me impeça

Esta loucura tardia




2 comentários:

  1. Um clamor, por fim, ao ruído do mundo, onde a dor pede silêncio e a alma exige descanso.

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