terça-feira, 4 de julho de 2017

Na sombra das negras asas





Não deixes que esses braços te abracem,
No calor seguro do seu aperto, acabarás estrangulada
Bloqueia os frémitos que a tua pele te transmite
Quando por ela ele passeia a sua mão forte, suavemente
Não bebas a ilusão dos seus lábios,
Não te deixes embalar pela sua voz segura e sensual
Não lhe oiças o riso
Não permitas sonhá-lo; não o penses
E sobretudo não te prendas nos seus olhos
Podes perder-te
Resiste ao desejo louco de o querer
Ninguém consegue possuir o etéreo
Ainda assim, ele levar-te-á para o outro lado da razão
E tu iras, pela sua mão, perdida de ti
Ausente da realidade
Areia solta por entre os dedos de uma mão