Porque te
permites viver a metade do todo que és?
Porque te divides
entre a razão e o sentimento
Sabendo que quem
perde é o desejo?
Porque te
acomodas à estrada que te indicaram
Sabendo que
tantas outras há por onde caminhar?
Vejo-te ave de
uma só asa;
Saltitas de
parapeito em parapeito
Num ensejo imenso
de levantar voo e voar
Porque te
permites limitar para além do que já te limitam?
Para uns a “segurança”
vale mais que a liberdade,
Que o livre
arbítrio
Alimentam-se da vã
esperança de haver sempre mais um dia,
Mais um dia para
mudar, um dia mais onde arriscar
E assim se
enganam os sentidos, assim se escraviza a voz da pele
E se caminha
seguro pelo caminho comodamente indicado
Na dessegurança
de uma vida segura
Até que não haja
mais um dia
Nem mais um dia
para gastar
E no obituário
alguém escreverá: “Era uma excelente pessoa”
Mas perdeu o
ensejo de sentir o prazer transcendente
De quem muda de
caminho e se atreve a voar.