domingo, 2 de agosto de 2020

Sombras da alma

Hoje há um pessimismo agudo, um olhar para dentro, incómodo, amargo. Os dias que antecedem a morte do Outono normalmente propiciam a autoflagelação mental. 

(Este é um texto outonal)

A perspectiva ambígua do mal e do remorso retratada na sombra. É tudo derivado do pecado ou do seu conceito, fica impresso na mente, cravado a ferro em brasa, nos jovens, vitelos de leite, que todos fomos. 
Ai os pecados, essa coisa insubstancial com que fomos formatados em criança, gratuita e altruisticamente por homens vestidos com vestidos, dizendo-se porta-vozes de um ser maior, de um bem superior, de uma lei suprema e inquestionável. 
Mas os pecado é como o amor: inevitável, traumatizante e apetecível. 

 
As sombras da alma são vermelho sangue 
Feridas abertas, disformes 
Pústulas do teu lado mais sombrio 
Que te acordam tarde na noite 
Em revoadas de suores frios 
As sombras da alma 
São os teus fantasmas de estimação 
São aves de rapina pairando 
Sobre a tua memória 
Avisos do passado, gritados no presente 
Alertando-te o futuro, inutilmente 
São gritos de dor, cáries da consciência 
Assim são essas  sombras da alma

Essas dores embaraçantes 
Que acompanharão para sempre 
O borralho da tua vergonha