segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Da fragilidade de ser

 

Abraça-me com força,

Segura-me, não permitas que caia

E nesse abraço protector

Empresta-me um pouco do teu calor

Porque me sinto vazio

E um pouco de carinho

Pode alentar-me o caminho

Que ainda tenho de percorrer

Olha-me, olha-me nos olhos

Como quem olha alguém

E nesse olhar dá-me a esperança

De voltar a ter um ideal

E, se não for abusar muito,

Peço que me dês a mão

E que a força desse aperto

Me faça sentir um homem novamente

E quando por fim te afastares

Deixa para trás o teu perfume.

Apenas um pouco desse perfume

Para que por mais uns momentos

Nele me possa a embriagar.




Esse Jardim

 

Senta-te e observa bem quieta

Como a tarde cedo anoitece

E a temperatura do ar arrefece

Devagar, ao ritmo do tempo

 

Não fales, escuta o ruido do teu silêncio

Ou como as folhas coloridas se agitam

Ao som da brisa outonal

 

Escolhe um jardim e um banco

Esconde-te à vista de quem passa

Torna-te um elemento da paisagem

Fecha os olhos e sente

 

Sente o tempo a passar,

As horas a contar

(ao ritmo a que só as horam sabem contar)

E deixa-te ficar até a noite cerrar

E o escuro te abraçar

 

Algo está algures a findar

Não temas, é apenas a vida a cumprir-se

E nessa escuridão tardia

Aconchega a tua cabeça

Sossega o teu coração

E deixa-te estar

 

Há um dia por chegar

Há uma noite por ficar