quarta-feira, 23 de novembro de 2022

À deriva

Há quem tente

Quem saiba o quanto sente,

E que quem ama não desiste

Mesmo quando ama sozinho

E há quem hesite

Quem não faça um esforço

Para entender o que deveras sente

Seja por medo ou covardia

E quando finalmente se atreve,

Quase sempre é tardia

A assunção há tanto contida

Que também ama, que deseja partilha

É apenas mais um sonho perdido

Dois barcos que se cruzaram

Neste mar tão revolto

Um quer que o outro volte

O outro já não tem por que voltar


domingo, 20 de novembro de 2022

Dias cinzentos

 Há dias cinzentos,

Dias de pensamento rebelde

Onde a tristeza se instala,

Onde a memória te desobedece

E traz-ta de volta à ideia 

Recordas o que foram e deixaram de ser

E dói-te senti-la de novo

Sabendo que já te esqueceu

Sentes-lhe os lábios

Esses lábios quentes e húmidos

E o seu cheiro envolvente

E esses dias tornam-se chuvosos

São dias dolorosos 

Em que te odeias por sentir

Quem há muito deixou de te pensar