segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Da dor e do tempo

 

Sei que nunca te contei

(Porque egoisticamente guardei para mim)

Desse teu jeito tão peculiar ao dormir

Cabeça tombada sobre o meu peito

Sorriso maroto de garota feliz


Sei-te os percursos da pele

De olhos fechados

Caminho acetinado, mapa perfumado

E, enquanto descansas sobre o meu peito sei

Sei que um dia te perderei


Porque não consigo parar o tempo

Porque me é impossível congelar o momento


Um dia, eu sei

Um de nós não mais erguerá a cabeça

Não mais olhará o outro nos olhos

Os mesmos que olhando dizem tanto do amor que não se diz


Sei que nunca te contei

Deste medo de ficar mudo

De querer falar e não ter voz

Do silêncio cego e da ausência

De ti, meu amor.