domingo, 3 de setembro de 2017

sombras de uma alma perdida



Quando escrevi esta mistura de "coisas", em jeito de duplex ou macedónia, datei-o no final do Outono; verifico que afinal estava enganado. Os seguintes gatafunhos, organizados em pretensas frases, são intemporais, pior, são como vulcões adormecidos: nunca se sabe quando se reactivam e quanto podem destruir.

Fase cinzenta, introspectiva, caracterizada por um pessimismo agudo, um olhar para dentro, incómodo, amargo. Os dias que antecedem a morte do Outono propiciam a auto flagelação mental.
A perspectiva ambígua do mal e do remorso retratada na sombra.Tudo deriva do pecado ou do seu conceito, algo que fica impresso na mente, cravado a ferro em brasa, nos jovens-vitelos de leite-que todos fomos.
Ai os pecados, essa coisa insubstancial com que fomos formatados em criança, gratuita e altruisticamente por homens de vestidos de preto, dizendo-se porta-vozes de um ser maior, de um bem superior, de uma lei suprema e inquestionável.
O pecado é como o desejo: inevitável e muito apetecível.



As sombras da alma são vermelho sangue
Feridas abertas, disformes
Pústulas do teu lado mais sombrio
Que te acordam tarde na noite
Em revoadas de suores frios
As sombras da alma
São os teus fantasmas de estimação
São aves de rapina pairando
Sobre a tua memória
Avisos do passado, gritados no presente
Alertando-te o futuro, inutilmente
São gritos de dor, cáries da consciência
São dores embaraçantes
Que alimentarão para sempre
O borralho da tua vergonha