quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Sentires


Era certamente a hora ideal para um desentendimento, mas não aconteceu. Não ocorreu nenhum eclipse, nem um furacão; na verdade nenhuma catástrofe natural aconteceu.
Eles cruzaram-se, olharam-se, decerto que se cheiraram porque, independentemente de tudo, o instinto primitivo ainda prevalece sobre a razão e o cheiro é um dos maiores estímulos da atracção, mas não se falaram.
Os olhares, magoados de ambos, acertaram no outro como se fossem punhos cerrados viajando pelo ar em fúria, mas nada disseram.
E passaram um pelo outro, como se nada existisse, como se nada fosse, como se agora tivesse sido antes.
E assim também se descreve o desejo!
 
 

Eternamente grato



Consideremos o perdão por algo que não fizémos, não quisémos fazer, nem tão pouco pensámos alguma vez vir a fazer.
Pensemos no benefício da dúvida, na piedade alheia, ou mesmo na compreensão, independentemente de delas precisarmos.
Consideremos tudo o que pensámos e, eternamene agradecidos, adoremos os seres humanos por serem tão misericordiosos.
 
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Voltei a este espaço, a este canto, a esta folha de papel imaginária/binária, porque ma recordaram, assim, simplesmente, porque ma recordaram, ma fizeram trazer à tona neste pântano lodoso que é a minha memória.
E assim regressei, como regressam as aves de outono embora não saiba ficarei até à primavera.
Nada foi premeditado nada está previsto, é apenas um movimento morno, tal com o siroco...