sábado, 11 de janeiro de 2020

Da pálida dança do desejo



Pensei-te

Como se tivesse inventado o verbo querer,

Ali mesmo na esquina do desejo.

Pensei-te

Como se fosses onda em maré cheia

E eu rochedo na beira da praia

 

Hoje apenas te penso

Como quem rega recordações

Em dia de vento

Sob nuvens escuras que ameaçam chuva

Chuva essa que nunca vem

Outrora pensava-te por entre tragos de fumo

De um cigarro infindável

E nesse fumo via o teu corpo cheio,

Depois esguio

Depois nada

E mais um trago de fumo

E de novo tu

E de novo nada

Hoje já não sei

Se te penso ou se te esfumas

Por isso rego-te em memórias

Até que a memória da chuva se esvaia

Por entre dois tragos de fumo