sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Fragilidade sentimental


There's always a strange feeling that something's bizarre in me



Não te vás, queda-te junto a mim
Sinto-te o calor do corpo
Sinto-te a forma ondulante
Preciso de ti
Se te vais é o fim
Fico praqui, corpo morto
Perdido no teu instante
Não te vás, chega-te a mim
O dia não precisa de ti
O mundo não pára sem ti
Mas eu sem ti não tenho mundo
Fico perdido e, no fundo,
Temo por mim se não te sentir aqui.



Blind date



Na rua escura de passos compridos mas cadenciados,
calcando poças de água, e marcando as sombras anónimas que me seguem,
fui...
percorri travessas solitárias e veredas nuas
Em mim, passeei comigo, solitário de mim
e quando a lua apareceu,
vieste e ficaste a meu lado.
O meu lado cinzento...
Fizemos as pazes e, à sombra da noite, sentimos por fim a paz entre nós.
E em paz seguimos,
pelas ruas escuras,
pelas travessas solitárias, acompanhados de nós,
de mãos mal dadas, mas unidas
e junto ao rio nos detivemos
e em silencio acordámos
na tranquilidade que nos devemos.
Foste quando a lua se escondeu numa nuvem tardia,
mas sei que com ela voltarás, outra noite,
noutro dia,quando for.






Des_Dita



Não mais desejar, não mais gostar, tão pouco amar.
Fazer não sentir, fazer não querer
E, sobretudo, não querer sentir ao fazer.
Conter, travar a emoção, apenas fazer.
Não deixar crescer, não deixar doer; reter.
Ignorar a beleza, cegar.
Ignorar as palavras, ensurdecer.
Passar de viés, não reconhecer.
Não dar, não deixar, blindar.
Fintar o destino, ignorar.
E no final deixar-se estar; aguardar
que algo que venha não queira ficar.
Porque já não há espaço neste lugar.

A desilusão é uma mulher de véu cinzento, cinta cingida e presença constante.