Sei do meu caminho que é incerto. E a certeza desse saber
torna-me errante.
Por muito tempo acreditei que a incerteza do meu caminho
tinha a vantagem do deslumbramento: a cada instante algo de novo, algo mais
fresco me poderia deslumbrar.
Por anos vagueie pelo mundo por diversas razões, mas sempre na
certeza de uma descoberta singular.
E toda a singularidade que encontrei foi o destapar desta
ignorância umbilical sobre o mundo e as suas gentes. Os animais comportam-se da
mesma maneira em todo o lado, os homens não. Mas os homens pecam da mesma maneira
em todo o lado, têm ciúmes comuns por todo o lado, invejam da mesma maneira,
choram da mesma forma, riem do mesmo modo, escondem os sentimentos de formas
diferentes. E vingam-se.
Trajo o meu caminho incerto com a certeza da minha errância
e o que procuro já não é o deslumbramento, mas apenas fugir dos meus
pensamentos, do confronto interior, porque o meu maior medo é ficar, por
qualquer motivo, em qualquer altura inesperada, sozinho comigo.
E apavora-me o inevitável diálogo que se produziria.
Gostei muito de lhe ler este momento reflectivo.
ResponderEliminarO diálogo entre o Eu e o Eu mesmo é sempre muito sofrido se for genuíno.
Um dia se lhe apetecer registe um diálogo travado consigo mesmo, um daqueles que nos fale da viagem das memória de dos deslumbramentos.