A inocência termina com o
travo da injustiça
Segue-se a percepção da
morte
A ideia expande, a visão
aclara e intimida
O conceito queima,
inquieta, intranquiliza
A morte ganha vida,
torna-se palpável.
De repente nasce a paixão
Esta trás consigo o
desejo
Tudo se confunde e surge
o amor
Ama-se e deseja-se,
deseja-se e ama-se,
Deseja-se sem amar e
quer-se ter e desejar ainda mais
Irrompe a posse e tudo se
agrava
A posse é ciumenta,
intolerante, agressiva, desconfiada
É um cavalo sem freios,
um touro enraivecido, um tornado.
E o ser humano
completa-se
O Diabo dança e Deus
rejubila
Subitamente a morte
aparece, abraça e estabelece o caminho
O ciclo fecha-se com um
amargo sabor de injustiça (a vida soube a pouco)
O ciclo fecha-se, mas não
na inocência em que começou
Coloca-se o morto no meio
de uma sala
Com rendas e flores e um
lenço na cara
Junta-se a família, os
amigos e os conhecidos
Juntam-se, também, os que
passam por lá
Curiosos por ver quem já
não está
Comenta-se o defunto: uma
perfeição agora que está morto
Veste-se o preto, o azul
e o cinzento
Vestem-se lágrimas e
esgares de dor
Passeia-se o dito até ao
jardim
Atira-se ao solo e
cobre-se por fim.
Fecha-se o ciclo, vamos a
outro
Haja mais partos, casamentos e mortos
Haja mais partos, casamentos e mortos
A única situação que temos por certa. Ainda assim, quando ela se faz chegar, o escolhido se inquieta. Uns gritam, é injusto, enquanto outros a pedem rápida e certeira, a uns e outros é comum o medo.
ResponderEliminarNão me parece que o circulo se quebre, simplesmente porque nunca foi um circulo, antes um segmento de recta. Quase todas com muitas lombas.
Para quem, como eu, acredita que nada existe antes de nascer e depois de morto, não choca apelidar de círculo ao ciclo da vida.
EliminarComo queira. Embora me surpreenda, para quem se mostra tão objectivo, de corte quase cirúrgico. Por outro lado, são as nuances que desenham a diferença entre uns e outros.
Eliminaranónima a 1ª
Esqueci de assinar, não o quero confuso.
ResponderEliminaranónima a 1ª