segunda-feira, 31 de julho de 2017

A cumplicidade da pele



Agarra a minha mão com a tua mão e leva-me a passear, de mãos dadas, pelas ruas da cidade.
Não fales, nada digas, a fala é para os principiantes, as palavras para quem quer seduzir.
Não precisamos disso, já atingimos aquela cumplicidade dos sorrisos, dos gestos dissimulados, do simples aceno de cabeça.
Ambos sabemos que direcção quer o outro tomar, mesmo antes de o dar a entender.
E os nossos silêncios valem mais que compêndios de ciência social.
Por isso não digas nada, pega na minha mão com a tua mão, toma a teu cuidado esses dois mapas de vincos vividos e leva-me por aí ao sabor da pele que nos une.

Ingenuamente feliz, escreveu na parede enquanto trauteava uma canção:

Este é o momento perfeito
Para te esculpir na luz
Que me inunda os olhos


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