terça-feira, 5 de setembro de 2017

Envenenemos o medo



Não te tentes
Não queiras querer
Não te sujeites a pertencer
Desenha um círculo em torno de ti
Chama-lhe fronteira
Chama-lhe muralha
Imagina-o parede
E não deixes nada entrar
Reconstrói-te
Refaz-te
Reforça-te
Mas não te tentes
Não te deixes tentar
Não voltes sequer a imaginar
Contém-te, detém-te
Usa mas não sintas
Utiliza mas não recordes
Se, por fraqueza, usares, esquece
Se, por necessidade, utilizares, ignora
Se te sentires fraquejar, desaparece
Mas não te tentes
Não desejes
Não recordes
E não te envolvas
Usa sem guardar
E resguarda-te no teu círculo
Fecha a fronteira
Ergue a muralha
E não arrisques a dor


6 comentários:

  1. Em resumo: Sejamos folha de couve, melhor ainda, matemo-nos e alcançaremos a suprema graça da não dor.

    anonima 1

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    1. Cara Anónima, decerto desconhece a angustia da couve quando sonha com caldo verde.

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  2. Pesquisei incansavelmente, telefonei a meia dúzia de cátedras, é completamente desconhecida, da ciência, qualquer pedido de ajuda de tao alta de signatária dos hortos, pelo que se deduz não sofrer de qualquer maleita.

    Bom almoço HP
    anonima 1

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  3. Entendo, sendo assim o gato dentro da caixa não está morto nem vivo. Poder-se-à admitir que nem sequer está e se não está não existe e Schrödinger enganou-se. Em alternativa, Schrödinger tinha razão e aí o sofrimento das couves é um paradigma.

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  4. (gargalhada)

    Um gato vivo-morto e uma couve em estado vegetativo. O que fazer? Enviar para cuidados paliativos.

    Vou jantar HP, mas vou, com um largo sorriso
    anonima 1

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