domingo, 22 de abril de 2018

Café Central



De costas para ti senti a tua presença;
sei que estás nessa mesa contra a qual, de costas,
sempre me sento.
Senti te o perfume quando cruzaste as pernas
e soube que tinhas chegado, como sempre, silenciosa.
De costas para ti peguei no copo
e ergui-o quase casualmente
na esperança que me reflectisse a tua imagem.
Uma vez mais apenas vi o líquido e bebi um trago.
De costas para ti ouvi-te puxar do maço, tirar um cigarro e acende-lo à 3ª tentativa.
Senti o aroma desse tabaco que não fumo
e o teu olhar cravado em mim.
De costas para ti acabei a bebida,
depositei o custo do consumo sobre a mesa,
levantei-me e saí,
sabendo que estavas a olhar, esperando que me voltasse antes de atravessar a porta do café.
De costas para ti, entranhou-se-me o teu ressentimento pela minha "descoragem".
De costas para mim, senti-me, uma vez mais, incapaz de te suportar o olhar
porque sei que, se o fizesse, entregar-me-ia inevitavelmente a ti.


2 comentários:

  1. De costas para ti
    De um sorvo bebi o gin
    E de um trago
    Fumei o cigarro
    Aquele que te esqueceste
    De acender

    Bom saber-te corvo
    Baixa-te
    Beijo..,

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  2. Não me lembro de ter entrado no Café Central para te ler ;)
    Ou entrei e não te vi...

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