A cadeira de verga que
almofadaste e colocaste em frente à porta da varanda.
Essa cadeira onde te
sentavas ao fim da tarde, naquele período em que o sol nos brinda com um brilho
de luz especial, aquele brilho de quem se vai e só volta no dia seguinte.
Esse brilho que se
espelhava nos teus olhos quando eu entrava e te viravas de frente para mim.
Era nesse momento que o
sol sentia inveja de mim.
Há muito que te foste; a
cadeira, essa, continua no mesmo sítio, recordando-me tempos em que eu próprio tive
inveja de mim.
Mais ninguém se sentou nela
desde esse dia; enquanto me recordar do meu nome ninguém se sentará nessa
cadeira de verga por ti almofadada.
Sinto que um dia, quando
já eu próprio me tiver “posto” para lá do horizonte da memória, virás como se
nada se tivesse passado e te sentarás na cadeira no preciso momento em que o
sol te brindar com o seu brilho que, de uma forma muito especial irradiará de
teus lindos olhos.
Apenas a lua será testemunha
desse desencontro e sei que sentirei uma inveja imensa dessa lua Cheia do teu
brilho.
Não podes permitir-te ceder ao desejo. Apenas não deixes que os sentidos te controlem.
Pensa-nos como quiseres, mas não deixes que seja em modo de desejo.
O desejo vicia, tolhe a razão e tu gostas de te sentir a controlar os teus actos. Não é que os controles, apenas crês fazê-lo. Não deixes que o desejo,
esse enviesado desejo, te tolha as ideias.
Concentra-te em desejar não desejar que aconteça e não te permitas abandonar a estas mãos.
Já eu anseio que me desejes e que, num momento de obtuso bloqueio te entregues nas minhas mãos e deixes que do teu corpo faça uma tela de sentidos.
Sei que não deves querer, sei que não devo tentar-te,
e, no entanto, desejo-te fortemente e espero que te permitas ceder.
Não o faças, mas se o fizeres, e eu me permitir permitir-te, então não presto.