domingo, 22 de fevereiro de 2015

Como uma brisa fria na pele



Da suavidade melancólica de um adeus sentido, do delicado sorriso que traduz um até breve ou da ingrata sensação de quebra permanente de uma ligação outrora inquebrável.
De muitas maneiras se define a ausência, mas cada ausência tem uma forma própria, um sentimento singular, uma dor única e inconfundível, uma cor.
Ausência é sinónima de saudade, embora nalguns casos traga apenas uma esbatida recordação.
Saudade é dor, pesado fardo que a memória agudiza. Saudade é vazio, nomadismo forçado, prisão. 
Saudade é o tempo contado pelos dedos de muitas mãos, um rosário desfiado no desespero do tempo passado.
Se eu tivesse de expressar a saudade, escolheria uma tela sobre a qual, a pastel, traçaria em tons de preto e cinza, carregando bem nos traços, um abstracto. Forçaria os pincéis, numa angústia revoltada, a dançarem um tango maldito, num rodopio infinito, até que a alma esvaziasse ou os dedos me traíssem. 
E em abstracto traduziria a imagem que me ocorre do sorriso que me lançaste quando nessa noite tardia, me disseste: “Até qualquer dia”.


4 comentários:

  1. A saudade é o sítio por onde eles se vivem e sobrevivem, enquanto a memória não os atraiçoar...

    Muito bonito, muito nostálgico.
    A música é perfeita para a ocasião, assim como a tela a retalho.

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    1. Como canais anastomosados, intrincada é a magia da saudade

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  2. Aceitar a saudade é dar-lhe a cor dos momentos que se viveram.:)

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  3. O que me fez recordar uma musica: http://youtu.be/PXxvpPVr9BQ.

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