terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Silêncios

Há silêncios que aprecio 
São como brisas frescas em dias opressivamente quentes 
São momentos de paz em fases de lua conturbada 
Não são silêncios que se procurem 
Caem-me de repente e só tenho de os aproveitar 
Mesmo no meio de multidões, são fáceis de captar e dóceis, muito dóceis 

Há silêncios que procuro 
Silêncios que me permitem retomar o ritmo calmo da respiração 
Que me deixam falar para dentro, que me equilibram. 
Esses apenas atinjo quando me faço errante 
E errante parto sem destino em busca de locais isolados
De onde regresso refeito, revigorado, reconstruído.
 
Há silêncios negros, opressivos, dolorosos, ingratos
São fruto da desconstrução de ilusões
Borrões disfarçados de quadros
Cicatrizes em pretensas carícias 
Esses são os silêncios, de que não se fala e cuja marca permanece 

E, decerto, haverá o último dos silêncios 
E esse é uma incógnita que, desejo imaginar, será delicioso. 
Egoisticamente meu.



3 comentários:

  1. Adoro o silêncio onde me perco para de seguida me encontrar.
    Adoro silêncios onde os barulhos dos meus pensamentos podem gritar sem pudor.
    Não gosto do silêncio da ausência. Esse dói.

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  2. Lembrei-me da Estória da minha Maria Boneca Morta.
    Uma jovem que ainda hoje deita o seu desassossego no leito do silêncio negro. Ainda me lembro de lhe ouvir o grito e de lhe ver a lágrima de cera estampada no seu rosto macerado pela dor da perda.

    http://teia-de-folhas.blogspot.com/2013/11/maria-boneca-morta.html

    Quanto ao silêncio mórbido, esse petisco é seu, único e exclusivo.

    Quanto à música, digo que é perfeita, não fosse ela o Silêncio dos Depeche Mode, que apesar do ruído da palavra é claramente audível.

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  3. Agora existe um sistema diferente de fechar invólucros, aquele que usado para preservar o produto no vácuo.
    Tens que experimentar, já que és tão moderno.
    Eu cá fico-me pelo sistema tradicional, esse sei que nunca falha.

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