Metamorfoses são ampulhetas armadas em relógios digitais
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Não se trata de ti, nem tão pouco dos sussurros que julgas teus.
O sol não nasce por ti e o nevoeiro não desce sempre que precisas de passar despercebido.
Mostras-te altivo, alheio, seguro.
Pensas transmitir uma leveza rochosa.
Mas escondes-te sob o manto sedoso das penas que criaste.
Insensível à sensibilidade que promoves,
Plantas árvores de plástico e escreves frases desconexas
Alinhas por linhas desalinhadas, as linhas que alinhadamente constróis
E és uma sombra desbotada do teu reflexo esbatido nas gotas de chuva
Não! Não se trata de ti o choro de quem sofre
Nem o sorriso de quem gosta
Não se arredonda o calhau rolado só porque lhe admiras a forma
E não se criam silêncios porque gostas de os regar.
Nunca chegas tarde nem cedo, aliás nem sempre chegas
Mesmo quando, convencido, dizes ter chegado.
E, decididamente, nem sempre trata de ti o que de ti de facto se trata.
Eis aqui um auto-retracto tão fiel à realidade.
ResponderEliminarNão se trata de ti, o que de facto de ti se trata.
Belíssimo, H.
Pinto sempre em tons de cinza. Adoro aproveitar os borrões de cigarro!
ResponderEliminarO que se aprende a fazer com os borrões do cigarro...
EliminarGosto de ampulhetas, elas encerram dentro de si a areia do meu deserto :)
ResponderEliminarQue bom ler-te...