quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Migração



Sei o quão frágil é respirar
E como engana o bater do coração
Mas a esperança é soberana
Mesmo pra quem a renega
Por mais dores que o passado traga
Por isso desejo, por isso rogo
Que venha o inverno
E me traga um bilhete teu
No seu vento selvagem
Me mova como um ponteiro de bússola
E me indique o norte
No meu pregão peço a coragem
Para partir sem pensar
Para ir sem hesitar
E finalmente te encontrar
E no teu calor me perder
Porque teu pretendo ser
Até que o inverno se acabe
Até que a memória se apague
Até que desistas de mim



1 comentário:

  1. Neste cair de folha, desnuda-se a alma aos rigores do afastamento. O tronco e os membros procuram aconchego no sentimento, que talvez esteja esquecido.
    Pois é, a primavera desperta, o verão dilata, mas o outono assenta poeiras e refresca ideias.
    Gostei desde cair de folha de cores quentes.


    É engraçado ver com o tempo, os voos a inverterem-se.

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