Por vezes, ao fim
da tarde, naqueles momentos em que o sol já baixo no horizonte, nos presenteia
com uma luz difusa e mágica, eu acredito ouvir os seus passos breves e ligeiros
no corredor. E uma fragância fresca frutada, como a que usava, aflora-me as
narinas. São breves instantes de breve loucura, momentos de ilusão que me
permitem manter um certo equilíbrio emocional, em particular quando a bendita
solidão me ataca de mansinho e me embala no seu canto irresistível.
É terrivelmente cativante
a solidão, apenas suplantada pela tristeza.
Esta última seduz-nos,
envolve-nos, apodera-se da nossa vontade e alimenta-se das nossas fraquezas.
Por isso essa
breve ilusão de a sentir, tanto tempo depois, sempre que a luz obliquamente
breve do sol brinca no meu soalho, é um escudo que me protege da solidão e da
tristeza por instantes, embora eu, infalivelmente me volte a render a ambas e a
adormecer nos seus braços a cada noite.
É bonito quando se imprime no corpo a memória de momentos e de pessoas especiais que passam pela nossa vida🙂. O resultado é um prosa poética como esta com que nos presenteia.
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