sábado, 26 de setembro de 2015

Dos labirintos da dor

Eles são frágeis.
No seu estado apaixonado, eles são frágeis. São como figuras de cristal.
Vivem um sonho lindo, vivem um para o outro; são o mundo do outro. E por isso são frágeis.
O estado de embriaguez emocional torna-os cegos à realidade, imunes às imperfeições, alheios aos sinais de perigo.
Se a paixão se mantiver entre os dois, podem viver cegamente toda a vida; será uma vida bonita, partilhada com carinho. Serão duas almas privilegiadas, saboreando uma vida de felicidade; coisa rara.
No entanto, se o deslumbramento acabar para um deles, se a atenção se virar para outro lado e não houver a hombridade de o revelar, mais cedo ou mais tarde o outro começa a retomar a visão.
E a realidade bate-lhe com força, esbofeteia-o violentamente, atordoa-o, deixa-o profundamente magoado.
Se ainda estiver apaixonado, parte-se em milhares de fragmentos, qual peça de cristal.
Se o seu coração for puro, guardará para si a dor, dirá que aprendeu uma lição e seguirá a sua vida com a esperança de encontrar um novo amor.
Se quisermos ser realistas, facilmente aceitaremos outro desfecho: poderá eventualmente guardar para si a dor, deixará propositadamente a ferida cicatrizar mal, de modo a ficar com um alerta para o resto da vida, tornar-se-á cínico nas relações.
E outro alguém frágil pagará.


3 comentários:

  1. Podem sempre viver numa redoma mas estão sempre sujeitos ao frio da realidade
    :)

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  2. Há sentimentos e afectos que se sentem para lá da paixão. Aí não há lugar ao mútuo desencantamento, o mundo deles permanecerá sempre lindo e perfeito.
    Deixo um beijo e um sorriso :)

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