terça-feira, 29 de agosto de 2017

"Gone" ou de como acabar com o medo



Quando desaparecer
acender-se-à uma vela num canto escuro de uma janela
Haverá uma fotografia antiga, desbotada pela humidade olhada
Uma mão dirá adeus ao sentimento quebrado
Um cão uivará à lua após ter mijado num candeeiro
Uma prostituta entediada virar-se-à de lado na cama alugada, em silêncio
Alguém sufocará um soluço
Alguém matará um beijo à nascença
Alguém sorrirá de tristeza, clandestinamente
Os homens do lixo farão o habitual ruido nocturno
e um gato queixar-se-à da presa perdida
Um homem atravessará a pé a rua, de regresso a casa;
roupa desalinhada, hálito etílico
Uma mulher simulará de novo um orgasmo
Um bébé chorará pelo peito materno
E alguém dirá em silêncio - saudade
soprada sobre a chama de uma vela  que,
no canto escuro de uma janela,
sufoca um soluço de vento
e imagina uma silhueta afastando-se
no céu nocturno


12 comentários:

  1. Num intervalo curto, pensei eu, vou ali desanuviar. E o que me acontece? Levo com uma tempestade de realidade nua e crua. Como se não fosse disso, que quisesse intervalar.
    Deveria ter ido tomar um café.
    Fica para o próximo intervalo.

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  2. Estou em dia não, ou cansada desta obrigatoriedade de provar que não sou um boneco.
    É desmotivador, acredite.

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  3. Se não é um boneco porque tem de o provar?

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  4. Lololo. Xiii que a coisa por aqui anda negra e fumarenta. Foi um ar de sumiço que levou a cera concerteza E num pavio sem rastilho não há vela que se mantenha acesa ;)

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  5. Não se preocupe minha senhora, que o meu verniz é de qualidade, e não será por dizer o que penso que ele se riscará. E viu mal, não há fumo algum, tão pouco fogo, apenas franqueza. Verdade que nem todos a aguentam, por mais leve e inconsequente que seja.

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    1. Cara Anónima I, a Senhora está no céu, e eu, na qualidade de comum mortal não aspiro o sacramento da santa beatificação. Agora, e por consideração à sua pessoa do género feminino, dou a cara e atrevo-me a dizer-lhe que não deve levar tanto a peito os devaneios das palavras. Elas, as palavras, são o que são, pura ficção e puro ópio para a mente, que não sabe o que sente, nem sabe a quantas anda.
      Não se sinta atingida, A. Aproveite a loucura e os devaneios das palavras, que são o que verdadeiramente são, meras palavras e não mais que isso, e divirta-se.
      Quando as palavras a atingirem, então não sei que lhe diga...
      Bom resto de noite.

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    2. Não acredito em senhoras do céu. Vou, ainda, acreditando no ser humano, uns que sabem ser senhores,outros nem tanto.
      Poderia falar-lhe das palavras, e do muito que encerram em si mesmas, até do quanto é mau, quando elas já não nos atingem mas, estou no intervalo.
      Bom dia

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  6. Senhoras, não querendo parecer rude, agradeço que respeitem o meu espaço e não o usem para outros fins que não sejam comentar o que escrevo ou comigo trocarem impressões sobre os escritos (se assim o entenderem) e não o que comentam. Conto com a vossa inteligência. Obrigado.

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    1. Tem toda a razão, e dirijo-lhe as mimas mais humildes desculpas.

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    2. mamamia!!! Ja parecia " o pátio de tempos antigos!!!! lol

      Beijoka "meu" Vadio

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