O quanto eu lamento
Não, não foi pelas vezes
passeadas de mãos entrelaçadas,
Nem pelas idiotices que,
do riso, acabavam num longo beijo
Não foi pelos dias de sol
gastos a apreciar, deleitados, os mútuos olhos
Também não foi pelas
vezes que se usou a palavra: amo-te
Decerto não foi pelas
carícias, que não faltaram, nem pelos abraços prolongados
O que eu lamento foram os
silêncios não partilhados
As dores da incerteza,
O egoísmo da posse
Quando já tudo se havia
perdido.
E o lamento torna-se
abominação
Quando a palavra se
revela, repetidamente, oca
Desprovida de sentido e
usada em desespero.
Desespero,
É reter a mágoa que se
avoluma, que queima, que teima em não morrer.
E assim lamento,
lamento o desespero de
quem usa a dita palavra, num contexto egoísta,
Num remate inconsciente
de não perder a posse do que já havia perdido.
E retenho a mágoa.
Não lamentes o sonho nem a espera do que não foi e podia ter sido.
ResponderEliminarO silêncio nada mais é que uma armadura de protecção contra emoções intempestivas e palavras mal atiradas no calor da ausência de um sentimento maior.
O sentimento maior vive na saudade de afectos genuínos, e não em palavras vãs e ocas, onde as promessas são o que são, promessas que não resistem ao tempo, à distância e ao silêncio consciente e premeditado.
Mas sem essa consciência, não estamos perante o Amor. Estamos perante uma potencial conquista ou uma vaidade, de cuja substância, não resulta dor, desespero ou frustração. Simplesmente, não há nada. O Vazio consegue maior protagonismo, até porque a Estórias de Amor Incondicionais entre pares, permanecem imortais no seu Abismo.